quinta-feira, 10 de setembro de 2009

FASCEÍTE PLANTAR


O suporte de peso nos calcanhares durante a marcha e corrida pode acarretar distúrbios musculoesqueléticos consideráveis, que podem comprometer a performance do atleta ou desportista, durante o treinamento e a competição. Por isso, é fundamental que preste muita atenção no tênis que esta utilizando, se este é adequado à sua pisada.
O calcanhar faz parte da articulação subtalar, sendo uma freqüente fonte de dor, especialmente em atletas ou pessoas com atividade desportiva intensa. Uma das causas de dor no calcanhar é a fáscia plantar. A fáscia plantar é uma aponeurose fibrosa com várias camadas, que se origina no processo medial da tuberosidade do calcâneo e se insere nas articulações metatarsofalangianas (sola do pé). Com a atividade intensa e repetitiva surgem microrrupturas da fáscia e algumas se afastam da inserção fascial. Surge, assim, a chamada FASCIÍTE PLANTAR, expressão abrangente, quase sempre utilizada para descrever uma dor no arco proximal e no calcanhar. Seu diagnóstico é clínico, e podemos observar também em radiografia um esporão de calcâneo ( calcificação no calcanhar). Acomete indivíduos adultos de ambos os sexos, geralmente com mais de 40 anos e em aproximadamente 20% dos casos e bilateral.

MECANISMO DE LESÃO
Vários estudos apontam para os distúrbios anatômicos e biomecânicos como possíveis causas da fasciíte plantar. Destacamos entre os quais, a diferença de comprimentos dos membros inferiores, a pronação excessiva da articulação subtalar (tálus e calcâneo), a falta de flexibilidade do arco longitudinal (embaixo do pé) e a rigidez do complexo gastrocnêmio-sóleo (músculos da panturrilha). O uso de calçados sem suporte suficiente para o arco do pé e o tamanho aumentado do passo durante a corrida são, também, causas possíveis da fasciíte plantar.
A dor eventualmente desloca-se para o centro da fáscia plantar. Ela é especialmente problemática ao se levantar pela manhã ou ao descarregar o peso após um longo período na posição sentada, entretanto, a dor regride após alguns passos e aumenta na dorsiflexão (quando os dedos se dirigem para cima) forçada dos dedos e do antepé.

CONSIDERAÇÕES PARA O TRATAMENTO
Na fasciíte plantar o importante, além do tratamento convencional que será utilizado, é o “ajustamento” biomecânico da lesão. Neste sentido, as órteses (dispositivos para controlar a deformidade dos pés) são bastante úteis na resolução deste problema. Acreditam os autores que a combinação de órteses flexíveis com exercícios, podem reduzir de forma significativa o nível de dor desses pacientes. Estas devem ser utilizadas ininterruptamente, especialmente ao levantar pela manhã. São produzidas a partir de um molde neutro, porém é mais complicado seu processo de fabricação. Uma alternativa é a utilização da calcanheira ou a palmilha de silicone, facilmente encontradas no mercado e que se ajustam muito bem aos objetivos propostos.
Uma outra incidência sobre o tratamento, é a correção da discrepância entre os membros inferiores. A fasciíte plantar pode ser observada mais freqüentemente nas pernas mais curtas, e sendo assim, o uso de palmilhas compensatórias é um importante instrumento na correção do problema.
Um outro aspecto que deve ser observado é a escolha do calçado. O pé pronado (pisada pra dentro) precisa de estabilidade e firmeza para reduzir o movimento excessivo. O calçado ideal para o pé pronado deve ser menos flexível e oferecer bom controle do retropé (calcanhar). Já o pé supinado (pisada pra fora) é em geral muito rígido, prefira então os calçados com mais amortecimento e mais flexível.
Após o ajustamento biomecânico da lesão, utilizaremos recursos da eletrotermofoterapia. Assim, o ultra-som pulsátil (micromassagem celular com aparelho) e um recurso importante, em combinação com crioterapia (gelo) na fase aguda da lesão. Reduzem-se as necessidades metabólicas na área em vasoconstricção periférica, importante para diminuição do quadro álgico (dor). O TENS convencional (pequenos “choques” que provocam analgesia no local) nesta fase pode ser utilizado, bem como os AINES (antiinflamatórios não-esteróides) necessários para o controle da inflamação, diminuindo a síntese das prostaglandinas (substâncias presentes no processo inflamatório). Os alongamentos devem ser utilizados, tanto da fáscia plantar como do tendão de Aquiles. Exercícios que aumentam a dorsiflexão do hálux (dedão do pé) podem ser utilizados também.
Após o período inflamatório poderemos, ainda, utilizar o ultra-som (contínuo), agora para aumentar a chegada de nutrientes ao tecido lesionado, dando prosseguimento à recuperação da lesão. E, fundamentalmente, os exercícios de mobilização e manipulação do calcanhar para aumentar mobilidade, associados a exercícios de alongamentos do arco plantar e do tendão de Aquiles, exercícios de fortalecimento para a panturrilha e anterior da perna, bem como os artelhos (dedos). Outra medida a ser adotada são os exercícios de propriocepção (recuperação funcional), onde estímulos sensoriais são enviados ao cérebro, retornando em alívio da dor e recuperação dos movimentos. Neste caso, se aplicam os exercícios de equilíbrio em prancha, skate, pedalinho, giroplano etc.
Não se deve parar com o treinamento, entretanto, a modificação da atividade é necessária. Trabalho contínuo e intervalado em bicicleta ergométrica, evitando o impacto sobre o calcanhar, além de exercícios de fortalecimento muscular
(grandes e pequenos grupos musculares) devem ser utilizados. Tão logo possamos reiniciar com a corrida de preferências para corrida na grama, lembrando sempre que a calcanheira deverá ser utilizada também.
Devemos salientar, que uma avaliação é importante. Procure sempre orientação profissional para que este possa diferenciar as lesões e indicar tratamento preciso. O diagnóstico diferencial entre fasciíte plantar e tendinite do flexor longo do hálux deve ser realizado com o teste de tensão tecidual. A flexão resistida dos dedos (quando estes se abaixam) é dolorosa com o envolvimento do tendão do flexor longo do hálux.

Bibliografia consultada:
DENEGAR, C. R. Modalidades Terapêuticas para Lesões Atléticas. São Paulo, Manole, 2003.
PRENTICE, W. E. Técnicas de Reabilitação em Medicina Desportiva. 3ª ed. São Paulo, Manole, 2002.
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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. amigo tenho fascite plantar e ja fiz vários tratamentos, ainda cuido em casa mesmo, a dór já melhorou bastante, pela manhã sinto pouca dor, no periodo da noite que dó um pouco mais, gostária de saber se tem algum problema correr na grama trote, e fazer academia bicicleta, Eliptico isso atrapalha?

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